parceria Jornalistas Livres, Cirandanet, Instituto Hori
A guerra de narrativas e elevada disseminação de fake News em relação do Projeto de Lei 2630 conhecido como PL das Fake News está “bombando” nas redes e na sociedade brasileira. A disputa envolve os bilhões de reais relacionados com publicidade digital não regulamentada, sem regras, restrições ou obrigação de transparência e que deixam anunciantes e consumidores vulneráveis aos interesses econômicos das big techs.
O que está em jogo é o dinheiro que é negociado para publicidade digital. Em 2022 foram agenciados diretamente com as grandes Plataformas R$ 24,8 bilhões, ou seja, 76,5% de todo o recurso investido em publicidade digital no Brasil, explica o relatório “A guerra das Plataformas contra o PL 2630” publicado no dia 24 de abril de 2023, pelo Laboratório de Estudos da Internet e das Redes Sociais (NetLab) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo disseca o modus operandi das plataformas monitoradas pela equipe do NetLab: Google, Meta, Spotify e Brasil Paralelo.
Segundo a pesquisa, as plataformas monitoradas “anunciam e veiculam anúncios contra o PL 2630 (PL das Fake News) porém de forma opaca e burlando seus próprios termos de uso. Isso pode configurar abuso de poder econômico às vésperas da votação do projeto de lei por tentar impactar a opinião pública e o voto dos parlamentares.”
Evidências da ação do Google contra o PL 2630
O estudo destaca que “o Google tem usado seu blog oficial para divulgar textos de ataque ao PL 2630 escritos por alguns de seus principais representantes no Brasil”. Além disso, traz evidências que o Google:
(i) coloca mensagem contra o PL na sua tela inicial, alertando todos os usuários que o PL iria “aumentar a confusão entre o que é verdade e mentira no Brasil”, como podemos ver nas imagens a seguir.

(ii) tem apresentado resultados de busca enviesados para usuários que pesquisam por termos relacionados ao projeto de lei, insinuando que as buscas são por “PL da Censura”, que é o nome usado pela oposição contra a regulamentação das plataformas, e não pelo nome oficial “PL 2630” ou o nome usado pela imprensa “PL das Fake News”.
O que sugere que o Google tem se “aproveitado para de sua posição de liderança no mercado de buscas para propagar suas ideias e influenciar negativamente a percepção dos usuários sobre o projeto de lei em prol de seus interesses comerciais, o que pode configurar abuso de poder econômico”, destaca o estudo do NetLab.
Na plataforma Meta (facebook) o google anuncia sem rótulo contra o PL, como pode-se ver na imagem abaixo


A plataforma Spotify veiculou anúncios do Google contra o PL 2630. Cabe observar que em seus termos de uso, o “Spotify afirma aos clientes que não permite conteúdos pagos que tratem de temas políticos”.
O relatório destaca em suas conclusões que
“O problema é a falta de regulação que cria uma assimetria regulatória na qual 2/3 do total do mercado publicitário (referente a publicidade digital) não obedecem a nenhuma regra, restrição ou obrigação de transparência, deixando anunciantes e consumidores vulneráveis aos interesses econômicos das plataformas. Anúncios promovendo compra de armas, golpes de estado e fraudes financeiras podem facilmente ser veiculados nas plataformas, que ganham dinheiro também com esse tipo de publicidade tóxica”.
E alerta que
“Se o PL 2630 não for aprovado, as big techs conseguem manter a assimetria regulatória que existe no mercado e, portanto, manter suas vantagens competitivas frente aos outros meios de comunicação que também vivem de publicidade”, destaca a pesquisa.
clique aqui para acessar o relatório ou baixe o documento: