Justificativa:

A justiça climática busca garantir que os impactos das mudanças climáticas sejam tratados de forma equitativa, considerando as vulnerabilidades e os direitos das populações mais afetadas.

Nesse contexto, as comunidades quilombolas têm um papel estratégico, não apenas por serem historicamente marginalizadas, mas também por preservarem saberes ancestrais que oferecem soluções sustentáveis para o enfrentamento da crise ambiental.

Entre essas comunidades, as mulheres quilombolas desempenham um papel central, sendo responsáveis pela gestão de recursos naturais, pela preservação cultural e pela transmissão de conhecimentos intergeracionais. No entanto, essas mulheres enfrentam desafios estruturais que as tornam particularmente vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas.

O racismo ambiental, aliado à desigualdade de gênero, intensifica a precariedade de seus direitos territoriais, limita o acesso a políticas públicas e restringe sua participação em espaços de decisão. Além disso, os desastres ambientais, como secas, enchentes e a perda da biodiversidade, impactam diretamente suas formas de subsistência e modos de vida, exigindo respostas urgentes e inclusivas.

Reconhecer o protagonismo das mulheres quilombolas na agenda de justiça climática é essencial para promover soluções eficazes e socialmente justas. Suas práticas de manejo sustentável, como a agroecologia, o uso consciente da biodiversidade e a conservação dos recursos hídricos, são exemplos de resiliência e adaptação que podem ser replicados em larga escala. Esses conhecimentos, muitas vezes invisibilizados, devem ser integrados às políticas climáticas em todas as esferas.

A Conferência Livre de Meio Ambiente Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Protagonismo e Soluções para a Sustentabilidade é organizada pela Associação de Mulheres Negras Quilombolas, pelos Agentes de Pastoral Negros do Brasil (APNs), pelo Instituto Hori, pelo Comitê A Parada é Fome, pelo Observatório Popular da Cultura Alimentar da População Negra e dos Povos e Comunidades Tradicionais com o objetivo de criar um espaço de escuta, troca e construção coletiva. Essa articulação busca fortalecer as vozes das mulheres negras quilombolas, conectando seus saberes e práticas às demandas globais por justiça climática, além de construir estratégias para sua maior inclusão em espaços de tomada de decisão.

Essa iniciativa reafirma a importância do protagonismo dessas mulheres como agentes de transformação e defesa da sustentabilidade, ao mesmo tempo que destaca a urgência de garantir seus direitos territoriais e culturais. A conferência será um marco na luta por justiça climática, equidade e reconhecimento do papel central das mulheres quilombolas na preservação ambiental e na construção de um futuro mais justo para todos.

Propostas Elaboradas

Proposta 1 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Um campo para equidade e sustentabilidade, por meio da ampliação do protagonismo das mulheres negras quilombolas na construção de soluções inovadoras e inclusivas para os desafios climáticos e ambientais, com base em saberes ancestrais, justiça climática e equidade de gênero. Eixo Justiça Climática

(#30710 – Proposta 1 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: ampliação do protagonismo das mulheres negras quilombolas)

Proposta 2 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Fortalecimento Comunitário, por meio da criação de programas de capacitação liderados por mulheres negras quilombolas para preparar as comunidades diante de desastres climáticos, como secas e enchentes, alinhados aos saberes locais. Eixo Temático Adaptação e Preparação para Desastres

(#30713 – Proposta 2 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Fortalecimento Comunitário)

Proposta 3 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Mapeamento de Vulnerabilidades, por meio da realização de mapeamentos participativos de riscos ambientais nos territórios quilombolas, priorizando a proteção das áreas mais suscetíveis e envolvendo lideranças femininas. Eixo Temático Adaptação e Preparação para Desastres. Todos os biomas

Proposta 4 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Desenvolver Educação Ambiental Feminina, por meio da promoção de oficinas e metodologias de ensino baseadas nos saberes quilombolas femininos para incorporar práticas sustentáveis às comunidades e escolas locais. Eixo Temático Governança e Educação Ambiental. Todos os biomas.

Proposta 5 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Criar Rede Nacional de Lideranças Climáticas Femininas Negras Quilombolas para atuar como consultoras em políticas públicas ambientais e promover articulação intercomunitária. Eixo Temático Governança e Educação Ambiental.  Todos os biomas

Proposta 6 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Fortalecer as economias locais por meio do incentivo à criação de cooperativas femininas quilombolas para comercialização de produtos sustentáveis, como alimentos orgânicos, artesanato e fitoterápicos, com acesso a mercados justos. Eixo Transformação Ecológica

Proposta 7 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Agroecologia como resistência, por meio da ampliação deprogramas de apoio à agroecologia e produção de alimentos que integrem técnicas ancestrais com inovações tecnológicas sustentáveis. Eixo Temático Transformação Ecológica. Todos os biomas

Proposta 8 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática:Proteção Territorial, por meio da garantia a titulação e regularização fundiária dos territórios quilombolas como parte central das políticas de justiça climática. Eixo Temático Justiça Climática. Todos os biomas

Proposta 9 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática:Combate a Grandes Empreendimentos, por meio desenvolvimento de mecanismos de proteção contra impactos de grandes empreendimentos, como hidrelétricas e mineração, priorizando o respeito aos direitos quilombolas. Eixo Temático Mitigação. Todos os biomas

Proposta 10 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Políticas Climáticas Inclusivas, por meio da criação deespaço permanente de participação para mulheres negras quilombolas nas decisões políticas climáticas e ambientais, com financiamento adequado para sua atuação. Eixo Temático Mitigação. Todos os biomas

Proposta 11 Mulheres Quilombolas e Justiça Climática: Visibilidade Global, por meio da promoção da participação das mulheres negras quilombolas em eventos internacionais relacionados à justiça climática, conectando suas lutas locais com agendas globais, como os ODS da ONU. Eixo Temático Eixo Transformação Ecológica

Além disso, os participantes construíram propostas de ações transversais

Ações Transversais

  • Saúde e Justiça Climática: Estabelecer políticas de saúde voltadas às mulheres negras quilombolas, que integrem práticas tradicionais e prevenção de impactos climáticos.
  • Juventude Feminina Quilombola: Incentivar programas de formação ambiental para jovens mulheres negras quilombolas, com foco em liderança e inovação.
  • Cultura e Biodiversidade: Valorizar e mapear os saberes culturais femininos quilombolas como base para estratégias de preservação ambiental e sustentabilidade.

Inserção de Lideranças Quilombolas

  • Participação em Fóruns e Debates: Inserir lideranças quilombolas em fóruns e debates sobre o meio ambiente, atuando como delegadas para garantir representatividade e a inclusão de suas demandas e saberes.
  • Planos de Ação Territorial: Criar um plano anual ou semestral de combate à degradação ambiental, com ações voltadas para as especificidades de cada território quilombola. Esse plano deve integrar toda a comunidade, incluindo projetos desenvolvidos com atividades escolares e ações comunitárias alinhadas às necessidades locais.

Fortalecimento da Medicina Verde e Preservação Local

  • Medicina Verde: Promover o fortalecimento da medicina tradicional em cada território, valorizando os saberes locais e incentivando sua prática.
  • Parceria com Empresas: Desenvolver uma proposta para que empresas próximas aos territórios quilombolas firmem pactos de preservação local, criando um selo de compromisso. Esse selo destacará a colaboração dessas empresas para a preservação do território, dos povos tradicionais e do meio ambiente, ao mesmo tempo que dará visibilidade aos povos de matriz africana e indígena.
  • Regras para Preservação: Estabelecer padrões mínimos de combate à degradação ambiental que essas empresas deverão seguir, assegurando um impacto positivo e alinhado às necessidades das comunidades quilombolas.

Atividades Práticas de Educação Ambiental

  • Placas de Conscientização: Promover atividades práticas com a comunidade e as escolas locais para criar placas de sinalização utilizando cascas de madeira e aproveitamento de lixo gerado pela própria comunidade. Essas placas poderão indicar áreas de preservação do rio, do território e a importância de árvores específicas para a comunidade.
  • Conscientização Coletiva: Trabalhar na conscientização ambiental por meio de práticas colaborativas, envolvendo a comunidade na construção e instalação das placas. Essa abordagem visa fortalecer os laços comunitários e promover a preservação ambiental de forma participativa e educativa.

Delegadas Eleitas

Maria da C.A.da S.Confessor -Titular

Mônica Almeida dos Santos – Suplente